Viva, como está?
Começo por lhe perguntar: como se sente ao pensar que amanhã pode acordar com amnésia? Sem se lembrar como se lava os dentes, onde mora ou como se faz o seu trabalho? Sente-se bastante aflito, não é verdade?
O desconhecido acorda sentimentos de perda de controle. Não saber o que vai fazer amanhã ou como o vai fazer pode ser verdadeiramente assustador.
Bem sei que o exemplo que lhe dei foi um pouco forte, porém, o meu objetivo é demonstrar-lhe a importância que damos ao que controlamos. Nós só controlamos aquilo que treinamos, repetidamente, como qualquer atleta, antes de uma prova e tudo aquilo que treinamos, transforma-se em pequenos rituais que nos proporcionam uma sensação de previsibilidade, de certeza e… estabilidade.
Todos os seres humanos precisam de sentirem que controlam as suas vidas diárias. Quando temos uma vida caótica, sem rotinas, é muito mais fácil criarmos ilusões tóxicas e até desconfiança em relação a coisas que não temos que temer. É o descontrolo sobre as nossas vidas!
Repare como, em tempos de pandemia, com todas as limitações, tentamos manter a rotina: trabalhando, mesmo que a partir de casa, fazendo desporto, mesmo que na varanda, vestindo-nos mesmo sem poder sair à rua. Tudo isto é, nada mais nada menos, que uma tentativa de manter o controle sobre nós mesmos. Isso traz-nos paz!
A rotina trás-nos equilíbrio e evitam situações de ansiedade e desorientação.
Alguns exemplos de boas rotinas são:
- Levantar e deitar à mesma hora
- Alimentação equilibrada e refeições feitas sempre à mesma hora
- Rotinas diárias de desporto
- Ter um horário fixo de trabalho
- Ter rotinas de higiene física e mental
É importante referir que quando não possuímos uma rotina levamos o corpo a determinados limites do stress, uma vez que ele não sabe quando pode descansar, quando se vai poder alimentar, quando pode relaxar. Além disso, em termos comportamentais, as rotinas geram segurança.
As rotinas fazem-se de treinos constantes. Mesmo que um dia falhe uma das suas rotinas deve retoma-las logo que possa.
Obviamente que é preciso entender aqui um meio termo entre rotinas que nos ajudam e outras que nos descontrolam ou nos fazem estagnar.
É fundamental que, nas suas rotinas, encontre um ponto de equilíbrio entre aquilo que o ajuda a sentir-se mais confortável e aquilo que o mantém refém de um ritual. São coisas completamente diferentes, no entanto, uma coisa é certa: Quer a falta de rotinas quer o excesso de rotinas podem esconder um problema de saúde mental. Em qualquer um dos casos é importante ser acompanhado.
Até breve.
