Viva, como está? Solteiro e infeliz? Não há necessidade de se sentir infeliz!
Até meados do século XVIII o matrimónio era uma forma de garantir que a mesma família mantivesse, por gerações, o seu património. Exatamente: matrimónio e património têm muito mais que uma origem etimológica aparentemente homóloga. Em termos sociais uma dependia da outra.
Com o romantismo, surgiu uma nova visão do mundo que vislumbrava o amor romântico e o casamento por amor até à morte. Numa época em que a esperança média de vida seriam os 35 anos…
Ao longo dos últimos 300 anos foi-nos transmitido, ao longo das gerações, que felicidade seria sinónimo de casar, ter filhos e envelhecer juntos. Esta não era só uma visão cultural como também religiosa: “até que a morte nos separe”. Acontece que os tempos mudaram, as pessoas mudaram, as sociedades mudaram. E mudaram muito nos últimos 40 anos, com o fenómeno da globalização. Hoje em dia vive-se mais, viaja-se mais, conhecem-se mais pessoas, somos consumidos por campanhas de marketing (de produtos) poderosíssimas que nos embriagam com sonhos que não são sequer os nossos.
Tenho muitos pacientes, na casa dos 40 anos, que chegam ao meu consultório com enormes dilemas sobre o que lhes foi incutido na infância acerca do amor romântico. Uns vêm frustrados por não terem ainda encontrado a “felicidade”, outros vêm desolados por terem perdido a “felicidade”. Basicamente vêm com crenças preconcebidas sobre a felicidade só ser possível atendendo ao amor.
Devemos ter em mente que ter uma vida em comum com alguém é apenas uma das muitas opções que a vida nos dá e nem por isso tem de ser eterna. Existem muitas outras maneiras de se ser feliz sem um relacionamento estável, ou aliás, tendo um relacionamento estável primeiramente consigo mesmo!
Aparte disso, repare em algumas vantagens de se ter só para si:
- Há maior possibilidade de se focar em si mesmo
Há quem diga que isto parece um egoísmo, mas não é. Uma pessoa que não partilha a sua vida com outra tem mais tempo livre para fazer o que mais gosta: desporto, lazer, ler, ver séries, debruçar-se sobre uma tese de mestrado ou escalar um projeto profissional.
Além disso, é conveniente perceber sem culpas que um relacionamento se faz de cedências, compromissos e esforços que nem sempre estamos dispostos a cumprir, para que esse relacionamento seja saudável. Nesse caso não há problema algum em decidir estar-se só. é sempre melhor que criar expectativas que não poderemos cumprir.
- Você é capaz de ser feliz sozinho
A felicidade encontra-se onde lhe mais aprouver. Você pode ser feliz ao trabalhar numa área que adora, com amigos, tendo uma vida social ativa ou mesmo viajando sozinho. A felicidade é a oportunidade que temos de escolher uma forma de estar na vida que nos ofereça sentido à existência. O que para os outros pode ser casar e ter filhos para si até pode ser um problema, já parou para pensar nisso?
- Você pode decidir sobre a sua vida sem precisar de fazer cedências
Estar sozinho permite-nos também mudar o rumo à nossa vida quando entendermos sem ter que ponderar sobre outras vidas.
Comumente os casais tomam decisões em conjunto: onde morar, optar ou não por um cargo profissional apelativo mas longe de casa, decidir amistosamente onde passar as próximas férias. A vantagem de não ter um compromisso amoroso com ninguém é que podemos fazer as nossas escolhas sem interferências.
À parte disso é também importante sublinhar que podemos não ter de ficar sozinhos para sempre. Podemos e devemos aproveitar as circunstâncias em que nos encontramos e usa-las em nosso benefício, mas como bem sabe, a paixão é um sentimento que não pergunta se se pode instalar. Chega e pronto! Nos entretantos… Divirta-se, aproveite para se conhecer a si mesmo e seja feliz sozinho.
Até breve!