Estamos a chegar ao verão, muitos de nós só têm férias num período concreto do ano e a frustração torna-se mais evidente, à medida que se aproxima a tão esperada época de descanso.
Ao contrário da raiva em que temos a tendência a atribuir a culpa a terceiros, a frustração é a culpa que nos atribuímos a nós próprios.
A frustração acontece quando queremos alcançar, rapidamente, um objetivo e, por força de circunstâncias internas ou externas, isso não acontece. É, efetivamente, uma reação emocional válida e normalíssima. Contudo, pessoas com baixa tolerância à frustração, acabam por perder a paciência mais facilmente e, por vezes, acabam por boicotar alguns aspetos da sua própria vida, nomeadamente a vida profissional.
A tolerância à frustração é essencial ao bem-estar mental uma vez que nos torna mais resistentes às vicissitudes da vida.
Existem variados fatores implicados na baixa tolerância à frustração, nomeadamente questões de saúde mental. Pessoas que estão ansiosas e/ou deprimidas são menos tolerantes que outras sem estas patologias.
Como descobrir que está com pouca tolerância à frustração?
- Repare se procrastina quando tem algo aborrecido ou difícil para fazer;
- Identifique quais as tarefas que lhe causam angústia;
- Questione-se se fica demasiado desconfortável com questões corriqueiras como não conseguir enviar um email ou se lhe dá vontade de pontapear uma impressora só porque encravou, exatamente no momento em que precisa de imprimir um documento importante;
- Quantas vezes por dia se depara a pensar: “eu não suporto isto!”?;
- Repare se, quando lhe é apresentado um desafio difícil, a sua vontade é desistir…
Estes são alguns dos sinais que, de facto, a sua resistência à frustração está baixa. Digo “está” e não “é”, porque todos nós podemos aprender a lidar com este sentimento negativo.
Basta um bocadinho de resiliência, praticando afincadamente algumas estratégias para que possamos diminuir a intensidade do que sentimos e para que possamos agir de forma mais adequada.
Como combater a baixa tolerância à frustração?
- Aceite que situações difíceis acontecem a todos
Imagine que são 08:58 da manhã e tem um engarrafamento perto do seu trabalho. Já não vai conseguir entrar às 09:00. Isto só lhe acontece a si? Não!
Tente entender que existem situações que fogem do seu controlo e, não aceitando, a única coisa que ganha com isso é “uma pilha de nervos” que provavelmente se irá refletir ao longo do seu dia de trabalho, ora porque perde o foco e a atenção, ora porque cria um ambiente pesado com o seu mau humor;
- Fale consigo mesmo
Fale consigo mesmo mas mude o discurso. Enquanto espera e desespera, no carro, diga em voz alta o que gostaria de ouvir naquele momento, ou diga para si aquilo que diria a uma outra pessoa que estivesse no seu lugar. Também pode apenas respirar fundo e contar até 10;
- Acalme também o corpo
Quando estamos demasiado frustrados há uma série de sintomas fisiológicos como a taquicardia, por exemplo, que despoletam rapidamente.
Logo que comece a sentir alterações fisiológicas provocadas pelo excesso de irritação, tente combatê-las: inspire e expire profundamente, medite, identifique mentalmente todos os objetos que tem no porta luvas do carro, etc. Enfim, experimente várias alternativas e descubra o que o deixa mais tranquilo.
- Treine a tolerância à frustração
Como costumo dizer: “a única forma de combatermos os nossos demónios é sentando-nos à mesa com eles”.
Experimente fazer algo que seja levemente frustrante para si. Pode ser um sudoku, palavras cruzadas ou procurar a fila maior do supermercado para ser atendido. Enquanto está exposto a esse desafio use todas as dicas anteriores: respire, fale consigo mesmo (baixinho), entenda que o senhor que está atrás de si, na fila do supermercado, ainda tem de esperar mais do que você mesmo.
Gerir a frustração dá algum trabalho, contudo à medida que vai aperfeiçoando esta habilidade, vai aumentar muito mais a confiança na sua capacidade de resistência.
Um dia irá descobrir que acabou por passar por uma situação REALMENTE frustrante e que permaneceu impávido e sereno!
Até Breve!